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KARATE APLICADO A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

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KARATE APLICADO A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Empty KARATE APLICADO A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Mensagem  Marcello Felippo Dom Abr 28, 2013 11:11 am

KARATE APLICADO A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Compreendendo seus benefícios.


Marcelo do Carmo Barros de Oliveira

Rio de Janeiro – Maricá
Fevereiro de 2009



DEDICATÓRIA

Meus pais: Anselmo David Ferreira (in memorian) e Rosa de Oliveira Ferreira (in memorian)
Minha querida e paciente companheira: Syvana Pereira da Rocha Pinto
Sensei Gran-Mestre: Shinzato (in memorian)
Sensei Oswaldo Duncan Sensei (in memorian)
Sensei Walter Silva (in memorian)
Sensei Juigi Sagara (in memorian)
Sensei Teruo Furusho (in memorian)
Sensei Naiouki Hirakawa
Fiel colega e amigo Mestre: Masahiro Shinzato & D. Família (in memorian)
Fiel colega e amigo Mestre: Luiz Rodolfo de Aragão Ortiz & D. Família
Sensei Shingeme Kohara & D.Família
Sensei Yoshiki Kohara & D. Família



AGRADECIMENTOS

A todos que somaram em minha caminhada para a minha formação humana.



SUMÁRIO


HISTÓRICO
CAPITULO I - PRINCÍPIOS EDUCACIONAIS
CAPITULO II – EQUELIBRIO E LONGEVIDADE
CAPITULO III – KARATE-DO
CAPITULO IV - AULA
CAPITULO V - BENEFÍCIOS À SAÚDE
CAPITULO VI - BIOENERGÉTICA
CAPITULO VII – CONCEITOS FUNDAMENTAIS



CAPITULO I
Quais os benefícios que o Karate pode oferecer ao educando no âmbito Escolar?
Resposta: Para podermos compreender os benefícios que o Karatê pode proporcionar não o seria difícil se conseguíssemos ver os propósitos iniciais desta arte.
Destarte, muito antes do Karatê se espalhar “esportivamente” pelo mundo ele já se encontrava inserido dentro das escolas okinawenses (origem) e japonesas, como educação física e matéria de ensino do Budo. Em termos de Karatê-do real não existe dissociação para com o Budo. As separações abaixo são meramente pedagógicas, pois no Karatê o Budo é física e tecnicamente expresso. Porém isto está além dos limites da atual proposta.
Para o pai do Karatê atual, Gichin Funakoshi (e mesmo outros Mestres Okinawenses até nos dias de hoje) o Karatê praticado como educação física, não pode ser traduzido como sendo prática esportiva. Na parte física seus recursos técnicos propiciam melhoria de posturas corporais, fortalecimento de músculos, flexibilidade, reflexo, coordenação corporal, equilíbrio, melhorias cardiovasculares redundando em longevidade. Com certeza este último item não era desconhecido pelos antigos Mestres. Vejamos o que ocorria em Okinawa naqueles tempos:

CAPITULO II
Equilíbrio e Longevidade
MÉDIA DE VIDA

NÃO PRATICANTES :
• CAMPONÊSES: 22
• 05 ÚLTIMOS IMPERADORES OKINAWENSES: 36 (exceto Sho Tai que alcançou 60 anos)
• 05 ÚLTIMOS IMPERADORES JAPONESES: 35
• BRANCOS (EUA E EUROPA EM 1850): 40
• NEGROS (EUA): 38
PRATICANTES / MESTRES DO KARATÊ:
• AZATO: 78
• SAGUKAWA: 82
• ITOSU: 85
• FUNAKOSHI: 89
• MATSUMURA: 97
• SHOSEI KINA (ÚLTIMO ALUNO REMANESCENTE DE ITOSU): 100
• SHINZATO (SHORIN ATUAL): 80


Aqui temos o porquê, dentre outros fatores, o Karatê ter sido considerado por todos eles como sendo algo especial. Um caminho especial. Meu Sensei, Yoshihide shinzato estava com 80 anos praticando e ensinando todos os dias.
Por outro lado, o Karatê não seria para o educando somente educação física. Ele não pode ser sustentado sem uma outra parte que está no contexto expressão da cultura japonesa: o Budo. Por isto o Karatê tem que ser entendido como sendo Karatê-do ou Karatê Budo. São sinônimos. Algo semelhante como o continuum do espaço-tempo de Einstein...
Aqui existe uma grande dificuldade de compreensão e o assunto é bem extenso. Mas pondo em palavras miúdas:
“Onde habitar o espírito de competição ou o coração esportivo, o Karatê-do está morto.”
Isto pode ser dito até mesmo de algumas correntes Marciais que se alegram em promulgar que não estão mais praticando o Karatê como esporte, o praticam “marcialmente” e alardeiam: costelas quebradas, dentes quebrados, afundamentos cranianos, de caixas torácicas, knck-outs etc. como sendo troféus a serem exibidos por uma prática chamada de forte, de raíz... Esta é uma outra mentalidade que vem ocorrendo no Ocidente em busca das raízes do Karatê...
É desastroso ver rapazes com 15 ou 20 anos de idade, apresentando problemas como de rótula de joelho, com desgastes ósseos, com lesões na espinha - só para mencionar alguns fatos.
Chamaríamos isto de “educação física?” Ou benefícios da marcialidade? Por certo não é este o caminho (Do) apresentado pelos antigos Mestres como receita para longevidade. Nada mais pernicioso do que encontrar tão cedo na vida a incapacidade e viver em dores... Dor que ninguém irá carregar exceto aquele que se estragou.
A bem da verdade o conhecimento ocidental – e de muitos japoneses influenciados e influenciadores – é próximo de nulo com referencia ao Karatê-do. Posto que desconhecem que o termo é apenas uma herança helênica, gerando confusão, nada tendo a haver quando se referindo artes japonesas em si.
Ao falarmos de artes japonesas estamos falando de uma única e mesma coisa: Do ou caminho, via.
Aqui sim o Karatê se torna benéfico para a vida e por conseqüência para a escola - não exatamente nesta ordem.
Praticar o Karatê-do (Budo) é compreender e encontrar significados mais pungentes sobre a própria natureza da vida. Ele propicia um instrumental de apoio ao educando de observar com clareza os acontecimentos e assim deduzir seus significados e inter-relações (hanami, mono no aware, etc). É preparar também o aluno para combates físicos em que sua vida seja posta em risco, sempre conservando a sua integridade (através dos treinos). Mas este é o lado menor. O lado maior é prepará-lo adequadamente para tudo o que a vida tem a oferecer.


Dentro da escola, o Karatê assim colocado, irá beneficiar o aluno a interagir com uma outra cultura e aprender através dela a respeitar o que lhe parece por diferente. Não menos que isso, poderá através da via do Karatê identificar e parar de gerar conflitos nocivos a si e a estrutura do convívio social.
Em conclusão temos que o ensino correto do Karatê abre as portas para a estabilização de estados internos e externos do aluno, uma busca pelo equilíbrio na vida, na profissão, nos estudos, na família. Ele é uma base para a inserção do aluno dentro da sociedade e para a edificação e manutenção desta sociedade.
Propiciará ao aluno como estabelecer suas metas, lidar com objetivos, reconhecer mudanças e prepara-lo para o caminho que ele nunca percorreu. E com certeza uma longa vida.

CAPITULO III
Karatê-do
Gichin Funakoshi
Nasceu em Shuri, Okinawa, em 1868, o mesmo ano da Restauração de Meiji. Funakoshi era filho único, e logo após o seu nascimento fora levado para a casa dos seus avós maternos, com quem foi educado e aprendeu poesias clássicas chinesas. Aos 11 anos de idade iniciou seus estudos, com o mestre Asato, no duro sistema Naha-Te (força e contração), e com o mestre Itosu no sistema Shuri-Te (velocidade e elasticidade). Foi perto do fim do ano de 1921, mestre Funakoshi, numa exposição de educação física promovida pelo governo Japonês em Tokyo, foi escolhido como representante da ilha, para fazer oficialmente a primeira demonstração pública do Okinawa-te à capital japonesa. Mestre Funakoshi reestruturou e codificou as técnicas de luta passando a chamá-las de Karate Do. Funakoshi sempre enfatizava o desenvolvimento do caráter e autodisciplina nas suas narrações. "Assim como um vale vazio pode ecoar o som da voz, do mesmo modo a pessoa que segue o Caminho do Karate Do deve esvaziar-se livrando-se de todo egoísmo e ambição. Tornar-se vazio interiormente, mas reto por fora. Este é o significado verdadeiro de vazio no Karate Do."
O Mestre Gichin Funakoshi além de Mestre de Karate era também, exímio poeta e quando escrevia os seus poemas usava o pseudônimo de SHOTO (que significa: ondas de pinheiro). Ele usava este nome porque a cidade nativa de Shuri, local do seu nascimento, era rodeada por colinas com florestas de pinheiros RYUKYU e vegetação subtropical; entre elas estava o Monte Torao. A palavra torao significa: cauda de tigre; e era particularmente adequada porque a montanha era estreita e tão densamente arborizada que realmente tinha a aparência de uma cauda de tigre quando vista de longe.

Por volta de 1933, Funakoshi desenvolveu exercícios básicos para prática das técnicas em duplas. Tanto o ataque de cinco passos (Gohon Kumite) como o de um (Ippon Kumite) foram usados. Em 1934, um método de praticar esses ataques e defesas com colegas de um modo levemente mais irrestrito, semilivre (Ju Ippon Kumite), foi adicionado ao treinamento. Em 1935, foi publicado seu livro: "Karate Do Kyohan". Este livro trata basicamente dos Kata. Funakoshi era Taoísta, e ele ensinava Clássicos Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu, enquanto ele estava vivendo em Okinawa. Funakoshi era profundamente religioso. Ele tinha muito medo de que o Karate se tornasse um instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar do treinamento algumas aplicações mortais dos Kata. Então, ele parou de fazer essas aplicações. Ele também começou a desenvolver estilos de luta que fossem menos perigosos. Funakoshi teve sucesso ao remover do Karate técnicas de quebras de juntas, de ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo, esmagamento de testículos, criando um novo mundo de desafios e luta em equipe

onde somente umas poucas técnicas seriam legais. Ele fez isso baseado nos seus propósitos e com total conhecimento dos resultados.
Em 1936, Funakoshi mudou os caracteres Kanji utilizados para escrever a palavra Karate. O caracter "Kara" significava "China", e o caracter "Te" significava "Mão". Para popularizar mais a arte no Japão, ele mudou o caracter "Kara" por outro, que significa "Vazio". De "Mãos Chinesas" o Karate passou a significar "Mãos Vazias", e como os dois caracteres são lidos exatamente do mesmo jeito, então a pronúncia da palavra continuou a mesma. Além disso, Funakoshi defendia que o termo "Mãos Vazias" seria o mais apropriado, pois representa não só o fato de o Karate ser um método de defesa sem armas, mas também representa o espírito do Karate, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos. No mesmo ano (1936), foi fundado o primeiro DOJO Oficial de Karate, pelo Comitê Nacional e devido aos feitos do mestre Funakoshi, foi batizado com o nome de SHOTO-KAN. Daí surgiu o nome de uma escola (estilo) que até hoje é cultivada em várias partes do mundo. SHOTO (pseudônimo de Funakoshi) + KAN (escola, classe...) = Escola de Funakoshi. Funakoshi tinha 71 anos em 1939, e foi quando ele deu o primeiro passo dentro de um Dojo de Karate em 29 de Janeiro. O prédio foi feito de doações particulares, e uma placa foi pendurada sobre a entrada e dizia: "Shotokan". "Sho" significa pinheiro. "To" significa ondas ou o som que as árvores fazem quando o vento bate nelas. "Kan" significa edificação ou salão. "Shoto" era o pseudônimo que Funakoshi usava para assinar suas caligrafias quando jovem, pois quando ele ia escrevê-las se recolhia em um lugar mais afastado, onde pudesse buscar inspiração, ouvindo apenas o barulho dos pinheiros ondulando ao vento. Esse nome dado ao Shotokan Karate Dojo foi uma homenagem de seus alunos.
A necessidade de um treinamento nas artes militares estava em crescimento. Jovens estavam se amontoando no Dojo, vindos de todas as partes do Japão. O Karate foi de carona nessa onda de militarismo e estava desfrutando de uma aceitação acelerada como resultado. Finalmente o Japão cometeu um grande erro. O bombardeio das forças navais americanas em Pearl Harbor a 7 de Dezembro de 1941 foi algo além da conta. Numa tentativa de prevenir que as embarcações americanas bloqueassem a importação japonesa de matéria-prima, os japoneses tentaram remover a frota americana e varrer a influência Ocidental do próprio Oceano Pacífico. O plano era bombardear os navios de guerra e os porta-aviões que estavam no território do Hawai. Isto deixaria a força da América no Pacífico tão fraca que a nação iria pedir a paz para prevenir a invasão do Hawai e do Alasca. Infelizmente, o pequeno Japão não tinha os recursos, força humana, ou a capacidade industrial dos Estados Unidos. Com uma mão nas costas, os americanos destruíram completamente os japoneses na Ásia e no Pacífico. Uma das vítimas dos ataques aéreos foi o Shotokan Karate Dojo que havia sido construído em 1939. Com a América exercendo pressão em Okinawa, a esposa de Funakoshi finalmente iria deixar a ilha e juntar-se a ele em Kyushu no Sul do Japão. Eles ficaram lá até 1947.
Os americanos destruíram tudo que estava em seu caminho. As ilhas foram bombardeadas do ar, todas as cidades queimadas até o fim, as colinas crivadas de balas pelos cruzadores de guerra de longe da costa, e então as tropas varreram através da ilha, cercando todo mundo que estivesse vivo. A era dourada do Karate em Okinawa tinha acabado. Todas as artes militares haviam sido banidas rapidamente pelas forças ocupantes americanas. Primeiro uma depois outra bomba atômica explodiram sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Três dias depois, bombardeiros americanos sobrevoaram Tokyo em tal quantidade que chegaram a cobrir o Sol. Tokyo foi bombardeada com dispositivos incendiários. Descobrindo que o governo do Japão estava a ponto de cometer um suicídio virtual sobre a imagem do Imperador, cartas secretas foram passadas para os japoneses garantindo sua segurança se eles assinassem sua "rendição incondicional". O Japão estava acabado, a Guerra do Pacífico também, mas o pesadelo de Funakoshi ainda havia de acabar. Então, Gigo (também conhecido como Yoshitaka, dependendo como se pronunciava os caracteres do seu nome), filho de Funakoshi, um promissor jovem mestre de Karate no seu próprio direito, aquele que Funakoshi estava contando para substituí-lo como instrutor do Shotokan, pegou tuberculose em 1945 e morre enquanto teimosamente recusa-se a comer a ração americana dada ao povo faminto. Funakoshi e sua esposa tentaram viver em Kyushu, uma área predominantemente rural, sob

a ocupação americana no Japão. Mas, em 1947, ela morre, deixando Funakoshi retornar a Tokyo para reencontrar seus alunos de Karate que ainda viviam.
Depois que a guerra havia acabado, as artes militares haviam sido completamente banidas. Entretanto, alguns dos alunos de Funakoshi tiveram sucesso em convencer as autoridades que o Karate era uma arte inofensiva. As autoridades americanas concederam, mais porque naquela época eles não tinham idéia do que Karate fosse. Também, alguns homens estavam interessados em aprender as artes militares secretas do Japão, então as proibições foram eliminadas completamente em 1948. Em Maio de 1949, os alunos de Funakoshi movem-se para organizar todos os clubes de Karate universitários e privados numa simples organização, e eles a chamaram de Nihon Karate Kyokai (Associação Japonesa de Karate). Eles nomearam Funakoshi seu instrutor chefe. Em 1955, um dos alunos de Funakoshi consegue arranjar um Dojo para a NKK. Em 1957, Funakoshi tinha 89 anos de idade. Ele foi um professor de escola primária e um estudante de Karate. Ele mudou-se para o Japão (e não é um pequeno ato de coragem) e trouxe o Karate consigo em 1922, dando ao Japão algo de Okinawa com seu próprio jeito pacifista. No processo, ele perdeu um filho, sua esposa, o prédio que seus alunos fizeram para ele, seu lar, e qualquer esperança de uma vida pacífica. Ele suportou uma Guerra Mundial que resultou em calamidade nacional, e ele treinou seus jovens amigos e conheceu suas famílias apenas para vê-los irem lutar e serem mortos pelas forças invencíveis dos Estados Unidos.
Ele viu o Japão queimar, ele viu os antigos templos e santuários serem totalmente aniquilados, ele viu bombardeiros enegrecerem o sol, e ele viu como um pilar de fumaça negra subia de cada cidade no Japão e envenenava o ar que ele respirava. Ele viu o Japão cair da glória para uma nação miserável, dependendo de suprimentos de comida e roupas dos seus conquistadores. O cheiro da fumaça e o cheiro dos mortos, os berros daqueles que foram deixados para morrer lentamente, o choro das mães que perderam seus filhos e esposas que nunca mais iria ver seus maridos, o medo, o ruído ensurdecedor dos B-29's voando sobre sua cabeça aos milhares, os clarões como os de trovões por todo o país quando as bombas explodiam em áreas residenciais, os flashes de luz na escuridão, a espera no rádio para poder ouvir a voz do Imperador pela primeira vez, somente para anunciar a rendição, a humilhação de implorar comida aos soldados... os intermináveis funerais e famílias arruinadas e lares destruídos... Mestre Gichin Funakoshi, o "Pai do Karate Moderno", morreu em 26 de Abril de 1957. Em seu túmulo negro, em forma de cruz, estão as palavras "Karate Ni Sente Nashi" (No Karate não existe atitude ofensiva).
Pouco tempo antes de morrer ele pode dizer: "ACHO QUE COMEÇO A ENTENDER O QUE É UM VERDADEIRO TSUKI (Soco)."
Sensei Jigoro Kano & Sensei Gichin Funakoshi
Sensei Jigoro Kano, o criador do Judô Kodokan, e Sensei Gichin Funakoshi, criador do Karate Shotokan, seguiram o mesmo caminho de pesquisas e explicações científicas, de onde surgiu a simpatia entre os dois mestres e uma grande amizade que duraria até a morte do Sensei Kano. Fora alias, a pedido expresso de Jigoro Kano que Funakoshi aceitou ficar algum tempo mais no Japão, ensinando sua arte. Sensei Funakoshi pensava em ficar uma semana, não poderia supor que nunca mais reveria as areias de Okinawa, onde deixara esposa, 3 filhos e 1 filha. Anos suceder-se-iam a anos e o desenvolvimento do Karate solicitava cada vez mais de si, segurando-o definitivamente no voluntário exílio. Numa manhã de maio de 1922 havia começado para Funakoshi, aos 53 anos, uma nova vida, sem que se desse conta disso na ocasião.
O encontro entre Sensei Funakoshi e Sensei Jigoro Kano foi decisivo para a propagação do Karate. Sensei Kano convidara Sensei Funakoshi para fazer uma demonstração reservada no Kodokan - a maior escola de Judô de Tóquio. Sensei Funakoshi demonstrou o Kata Kanku Daí (então chamado de Koshokun) e seu

amigo e aluno Makoto Gima (que havia estudado em Okinawa também com Yabu Kentsu) demonstrou o Naihanchi Shodan.
Em 1924, Sensei Jigoro Kano, acompanhado de Nagaoka, dava uma demonstração de Judô em Okinawa. Assim, ambos os mestres, de Karate e de Judô, continuaram a se dedicar mútua estima e amizade.
Sensei Funakoshi, até o fim de sua vida, inclinava-se, todas as manhãs, em direção ao Kodokan (também tirava seu chapéu todas as vezes que passava em frente ao Kodokan) em memória do falecido amigo (Sensei Kano morrera em 1938) e sempre dizia: "Sem ele eu não estaria aqui hoje".
“Buscar o passado para entender o presente;
O velho, o novo;
É uma questão de tempo;
Em todas as coisas o homem deve ter a mente clara;
O caminho: Quem o transmitirá com retidão e clareza”.
Poema de Sensei Funakoshi
Gigo Funakoshi

Mesmo tendo falecido jovem, antes de completar 40 anos (primavera de 1945) Gigo Funakoshi (ou Yoshitaka, dependendo de como se lê os dois Kanji que formam seu nome), o terceiro filho de Mestre Funakoshi teve grande influência no Karate moderno.
Visto que seu pai foi responsável por transformar o Karate de uma mera técnica de luta para um caminho de filosofia marcial (um modo de vida), Yoshitaka foi o responsável por seu desenvolvimento, sob a supervisão de seu pai e auxiliado por outros importantes artistas marciais, uma técnica de Karate que definitivamente distinguiu o Karate-do japonês da arte de Okinawa, dando-lhe um sabor japonês completamente diferente.
Yoshitaka começou seu treinamento de Karate formalmente quando tinha 12 anos de idade, mas muito antes ele já tinha tido contato com o Karatê. No livro de Mestre Funakoshi Karate-do: o meu modo de vida, o mestre conta como ele sempre treinava Karate com seus mestres, Y. Itosu e Y. Azato na companhia de seus filhos, eles podiam assisti-lo executando os kata, e então os mestres podiam perguntar às crianças sobre eles também.
Apesar de não possuir uma estatura alta, ele era extremamente forte para seu tamanho. Ele chegou a ser realmente um fenômeno no campo das artes marciais, atingindo um extraordinário nível técnico e a maestria do Karate-do. Ele foi considerado, e continha o sendo por muitos, o melhor karateca que já existiu, pelo menos tecnicamente e fisicamente, foi dito que Mestre Shigeru Egami considerou ele um gênio do Karate. Egami também contou como Yoshitaka treinou com seu makiwara: "Seu soco era incrível, ele tomava distância do alvo como se estivesse montando num cavalo (kiba dachi) e disparava seus socos contra o makiwara da posição na qual seus braços saiam da altura de sua cintura, sem usar muito o quadril. A potência de seus socos era inquestionável e ele avançava com todo o peso de seu corpo fazendo multiplicar essa força. Freqüentemente ele quebrava o makiwara em dois. Tendo isso como exemplo nós tentávamos sempre imitá-lo e treinávamos muito duro com o objetivo de quebrar o makiwara". ("The Way of Karate, Beyond Technique", Shigeru Egami). Existem muitas histórias sobre as façanhas de Gigo, mas atualmente é difícil distinguir o que é verdade do que é lenda.
Quando tinha apenas 7 anos, ele foi diagnosticado como sendo portador da Tuberculose, uma doença letal antes de serem descobertos antibióticos especiais, e os médicos estimaram que ele não passaria dos 20

anos de idade. Yoshitaka parecia decidido, em parte devido a sua doença, que treinaria com toda a sua energia, para atingir o nível mais alto possível na arte do Karate, antes de perder na luta contra a morte.

Sua garra e força física tornaram-se o instrumento da criação de novas técnicas. Estendendo a criação de seu pai, Gigo foi o criador técnico do Karate moderno. Assim, onde as técnicas davam ênfase ao uso e desenvolvimento dos membros superiores, Yoshitaka descobriu novas técnicas de perna, Mawashi Geri, Yoko Geri Kekomi, Yoko Geri Keage, Fumikomi, Ura Mawashi Geri [embora eu tenha sido informado de que Kase sensei foi o responsável por essa técnica] e Ushiro Geri. Tudo isso tornou-se parte do grande arsenal da antiga estilo de Okinawa. As técnicas de perna eram executadas levantando-se o joelho muito mais rápido do que nos estilos anteriores, e o uso dos quadris foi enfatizado.
Outros desenvolvimentos técnicos foram: o giro do tronco para uma posição semifrontal (hanmi) quando bloqueamos; o giro do tronco para frente com a rotação do quadril quando atacamos, a idéia principal era desferir o ataque utilizando todo o corpo.
Yoshitaka insistiu no uso de curtas distâncias e ataques profundos, técnicas complementares, coisa que o distinguiu imediatamente do Karate de Okinawa. Ele também deu importância ao oi zuki e gyaku zuki. As sessões de treinamento eram muito exaustivas, durante elas, Gigo esperava que seus alunos dessem o dobro de energia que eles colocariam em uma luta real, assim eles estariam certamente preparados para se manter em pé numa situação real.
Mestre Gichin Funakoshi aprovou sem exceções, mesmo que o que ele ensinou, às vezes, ao menos aparentemente, contradizia o que seu filho estava ensinando. Gigo sempre foi muito respeitado pelos estudiosos do Karate e por seus alunos, além de não ver impedimento algum na evolução do até então chamado estilo Shotokan, e nunca criou conflitos entre Mestres e alunos.
Sob a liderança de Gigo grandes mudanças vieram à tona entre 1930 e 1935. A maioria delas relacionada ao kumite. Visto que seu pai deu mais ênfase aos kata, Gigo desenvolveu técnicas de treinamento para a luta. Primeiro ele criou o Gohon Kumite (treino combinado com cinco ataques em avanço), um sistema semelhante ao usado no Kendo, uma arte que Yoshitaka também praticou e estudou sob a supervisão do Grão Mestre Hakudo Nakayama, de onde ele obteve importante inspiração para os futuros desenvolvimentos no Karate. Em 1933 ele havia estabelecido o Kihon Ippon Kumite (treino combinado de um passo por vez) seguido pelo Jiyu Ippon Kumite, semelhante ao Kihon Ippon Kumite, mas em movimento (Yoshitaka gostava bastante dessa forma de Kumite), e tudo isso inspirou o kata TEN NO KATA. Esse processo terminou com a luta livre, Jiyu Kumite, em 1935.
Dentre os muitos karatecas que participaram do time de treinamento e desenvolvimento envolvendo Gigo estavam Shigeru Egami e Genshin Hironishi.
Em 1936 foi publicado o livro Karate-do Kyohan, onde estavam incluídos os métodos básicos de luta mas na maioria estavam inclusas alterações nos Kata, seguindo um novo conjunto de técnicas estabelecidas. Esse livro representou claramente o nascimento do Karate-do como uma nova arte marcial japonesa, finalmente crescendo de sua herança okinawana, isso ficou muito claro ao se estabelecer a alteração do kanji para "Kara" e também pela renomeação dos Kata com nomes japoneses que soavam "bem".

Yoshitaka e Gichin Funakoshi publicaram um novo livro em 1943, Karate-do Nyumon, onde Yoshitaka disse ter escrito a parte técnica e seu pai os capítulos iniciais e a seção histórica.
Como todo mundo sabe, infelizmente para o mundo do Karate, como resultado de uma vida em condições muito difíceis durante a 2a. Guerra Mundial em conjunto com o treinamento muito duro e impiedoso, a doença que o seguiu por tantos anos levou-o a morte, assim a estrela brilhante que Gigo representou para o Karate foi extinta.

"Mente como água...” "Mizu no kokoro”.
É um principio das artes marciais que enfatizam a necessidade de calma da mente, como a superfície tranqüila de um lago parado, refletindo a realidade e a face do oponente, de uma maneira correta, e amoldando-se ao "recipiente" ou ao obstáculo.
Arte Marcial refere-se à arte do equilíbrio entre os conflitos, nas decisões, no balanceamento interior de cada um de nós entre as forças positivas e negativas, do bem e do mal, e da eficácia na obtenção de resultados práticos.
Estas forças já foram amplamente descritas em todas as religiões e nas mitologias, como por exemplo, em Marte, Deus da guerra (interior), o autocontrole das nossas emoções e ações.
Podemos imaginar a origem das artes marciais como sendo próprio do instinto de defesa instintiva do ser humano.
Em todas civilizações, os povos antigos e da atualidade possuem seus rituais,
objetivando o fortalecimento de suas energias, baseado na observação dos animais e das forças da natureza.
Estas manifestações envolvem danças, tambores, enfeites e lutas, na tentativa de resgatar o espírito da natureza para solução dos problemas, preparação para os momentos difíceis, saudar momentos notórios, e promover a saúde.
As lutas resgatam as energias vitais proporcionando bem-estar, discernimento e combatividade.
Na antiga Índia já Buda praticava arte marcial. Muitos povos o fizeram. Existem indícios que Jesus Cristo praticou arte marcial, no preparo para o que viria a enfrentar.
Inúmeras modalidades surgiram em vários recantos do mundo.
Na China praticou-se o Kung-Fu (Kempo), que mais tarde viria a influenciar o Te praticado na Ilha de Okinawa.
A junção do Kempo (Kung-Fu) do Mosteiro de Shaolin da China, com o Te (de Okinawa), gerou o Okinawa-Te.
A partir do Okinawa-te surgiram primordialmente três estilos em locais distintos da Ilha de Okinawa: o Shuri-Te, Naha-te e o Tomari-te.
Fundamentalmente, a partir destes três estilos, surgiram todos os demais hoje existentes.
Nosso estilo Shorin-Ryu surgiu como desdobramento do Shuri-Te, aproximadamente em 1921.
Kara: significa vazio, ação ou inação, isento de intenção.
É a partir desta não intenção que nossa mente fica livre para perceber da melhor maneira possível a “realidade”.


Enquanto nossa mente estiver agitada é como se fosse água turbilhonada impedindo que vejamos a imagem por inteiro refletida em sua superfície.
Podemos perceber isto claramente ao verificarmos que quase sempre a solução para nossos grandes problemas, esgotadas todas tentativas de resolução, aparecem em momentos de descontração, que se seguem após grande empreendimento físico e intelectual. Fica evidente aí a importância do lazer, da meditação e sociabilidade, em paralelo aos excelentes benefícios dos exercícios físicos, mentais e espirituais das artes marciais, em especial do Karatê bem orientado.
Os conflitos trazem em si a semente da discórdia, e ao mesmo tempo a fórmula para as soluções. Na administração correta dos conflitos está a receita para a paz. A guerra só deve se processar quando se esgotar toda e qualquer possibilidade do bom gerenciamento do conflito.
Tê: significa mão, mas pode ser eventualmente interpretado simbolicamente como corpo.
Portanto Karatê significa mão (ou corpo) equilibrando energeticamente (em União), para ação ou inação corretas.
Os princípios básicos do karate são os mesmos do direito (justiça), e da sociologia, da pedagogia (educação), da filosofia (ética, estética e moral), do bushido (código comportamental), e dos direitos humanos, com um desdobramento histórico para a estratégia de combate defensivo e ofensivo, sendo que modernamente com finalidades fundamentalmente desportivas, artísticas, segurança pessoal, terapêuticas, educativas e lazer, visando fundamentalmente o desenvolvimento de uma boa saúde, do caráter e qualidade de vida.
O Karatê parte do principio da paz, enfrentando, em principio, o conflito com o mínimo de participação corporal.
Havendo a possibilidade de resolução pacifica, este é o caminho.
Tenta-se, sempre que possível, a compreensão para com o próximo, tentando-se interpretar as questões da maneira mais pacifica e diplomática possível.
Somente em defesa da integridade da vida, da justiça e presença de inimigo em potencial, aciona-se o Karatê prático, primeiramente sob forma de defesa e em última instância, o ataque.

CAPITULO IV
AULA
A aula inicia-se com meditação zen (concentração mokussô), passando-se aos exercícios de aquecimentos articulares, alongamentos, fortalecimentos, resistência e fôlego (endurance cardio-pulmonar), o yobi-taiso.
Em seguida passa-se aos exercícios básicos de posições de pernas, tronco, braços e cabeça, parados e em movimento (kihon)
A seguir ataques e defesas básicas com varias partes do corpo, individual e em grupo, parado e em movimento.

Passa-se às estratégias de defesa pessoal (yakussoku-kumite) com movimentos seqüenciados, saídas de agarramentos, quedas e imobilizações com um ou vários adversários.
Treina-se em seguida luta simulada (kumite), com aplicação de todas técnicas aprendidas.
A etapa seguinte é a do kata, formas simulando luta com inimigos, ou fatos imaginários ou reais, em todas direções, e suas aplicações (bunkai).
Encerra-se a sessão com relaxamentos e alongamentos visando restaurar a calma.
Podem ser usados aparelhos de condicionamento, como o makiwara (controle, precisão, fortalecimento, e calejamento)
Geiko (ou Keiko)

Na prática das artes marciais, deve-se distinguir treinamento e prática. No Japão a palavra renshu é usada para definir treinamento, que significa preparar ou treinar o corpo; e keiko é a palavra usada para definir a prática, que significa treinar ou preparar o espírito. É importante frisar que a palavra keiko não é importante apenas no Budo mais em muitas outras atividades culturais, por exemplo, a cerimônia do chá e o Kado, arranjo de flores. Keiko significa literalmente “refletir sobre, revisar o passado”, isto implica treinar em um aspecto religioso, consistindo de um profundo respeito e preservação das melhores e antigas tradições.
O fato é que o keiko é fundamental para as manifestações culturais japonesas, reflete o respeito que os japoneses têm por suas tradições. O treinamento no período mais quente do verão (Shochu-Geiko) e o treinamento no período mais rigoroso de inverno (Kan-Geiko) são parte dessa grande herança.

Há muitas razões para esses treinamentos sob condições extremas, assim como o treinamento na primeira hora da manhã e à meia-noite, mas uma razão muito presente, é que se dá às pessoas a oportunidade de estar em contato direto com elas mesmas e com a natureza. A prática do Budo, que contém o melhor da arte tradicional, implica num caminho no qual os seres humanos podem compreender melhor suas raízes e voltar à natureza.
Autor: Humberto Heyden.

CAPITULO V

Saúde
Saúde: segundo a Organização Mundial da Saúde (ONS), é estado de bem-estar físico, mental e social.
Vemos claramente o quanto o Karatê pode contribuir para nossa saúde.
Ao terminar uma sessão pratica, percebemos nitidamente essa fortíssima sensação de bem-estar, fato inegável entre todos os praticantes.

Obviamente que isto reverte em boa solução para nossos questionamentos, conflitos e saúde.
Com isto, fica clara a melhora de nosso desempenho, não só em termos de uma boa defesa pessoal, mas antes de tudo, gerenciamento de nossas ações perante o nosso semelhante, fatos, e sociedade em geral.
A melhora das atitudes nos estudos, no trabalho, relacionamento familiar, com nossos amigos e necessitados evidenciam-se com um resultado de satisfação, realização, auto-estima, confiança, e bom desenvolvimento do caráter.
Com tudo isto quem ganha é a sociedade como um todo, na paz, na saúde, na educação, na segurança, ordem pública, harmonia, e dedicação, com realizações pessoais e coletivas de qualidade.
O bem-estar obtido com a prática é o resultado da boa circulação do ki em nosso organismo.
Substâncias bioquímicas liberadas em nosso organismo durante a prática, produzem um estado de tranqüilidade, com visão clara das coisas, grande bem-estar, e força física.
Ao resgatarmos nossas energias vitais de sobrevivência, entramos em um sincronismo de união energética universal, a partir da qual adquirimos saúde e conseqüentemente bom senso e bom discernimento nas decisões.
A noção da necessidade de esforço e precisão para solução de nossos problemas torna-se evidente e flui na direção de um melhor relacionamento e consciência pessoal em sociedade, na escola, no trabalho, em família, com os amigos, em todas etapas da vida.
Voltemos agora ao nosso conceito de vazio (kara).
A física moderna admite que nos imensos espaços vazios (a imensa e maior parte do cosmos) entre as micro-partículas universais, existe um potencial imenso de energia ainda totalmente desconhecida, a partir da qual tudo em principio pode acontecer.

CAPITULO VI
Bioenergética
Em estado meditativo, durante a pratica do Karatê, podemos vir a atingir o estado que denominamos de satori, nirvana, estado budico, samadi, estado de espírito de iluminação, bem-aventurança, alto grau de percepção, intuição, criatividade e discernimento.
No que se refere à atividade eletroquímica do cérebro, mais especificamente no tocante às "ondas" que ele emite, são conhecidos quatro ritmos de ondas cerebrais emitidas pelo cérebro, ou seja, Beta, Alfa, Teta e Delta.
Na realidade usamos as chamadas ondas cerebrais à vida toda, ou seja, quando pensamos e sentimos, quando reagimos a influências sugestivas, ou auto-induzidas ou provocadas por associação com persuasão dominadora de amigos ou pessoas que afetam a nossa vida, voluntária ou inconscientemente. Na maioria das vezes, não tomamos consciência das forças de causa desses efeitos sobre nós.

A ciência classificou as nossas reações mentais e emocionais, em termos de ondas cerebrais funcionando em vários planos de consciência. Para compreender este assunto é preciso ter em mente os quatro principais ritmos de ondas cerebrais.
- Ondas BETA: refere-se aos nossos planos de consciência externos, onde experimentamos a tensão e a ansiedade. É nesse estado de onda mental que nos empenhamos em atividade física e tentamos chegar a termos com a vida.
- Ondas ALFA: trata dos planos internos da atividade mental, quando nossos sentimentos se elevam acima de nossas tensões e ansiedades. É nesse estado de onda mental que encontramos a tranqüilidade, a inspiração, a capacidade criadora, os processos extra-sensoriais e curadores, a memória, a capacidade de aprendizagem e o potencial de visualização e de sonhar acordado. Essa é obviamente, a onda desejável de se conservar e de se manter sintonizado.
- Ondas TETA: São encontradas quando nos entregamos à meditação profunda. Nesse nível mental, muitas vezes é possível controlar a dor, conseguir realização interior e ter uma experiência cósmica.
- Ondas DELTA: existem no sono profundo e funcionam quando estamos num estado inconsciente.
Embora essas ondas cerebrais reajam à natureza de nossos pensamentos e sentimentos, não criam pensamentos e nem tampouco sentimentos, sendo apenas receptores e condutores, em outras palavras, centros cerebrais que a nossa mente, identidade, ego e espírito usam para manifesta-se nesta vida.
Os altos poderes de nossa mente estão constantemente atraindo e ajudando a criar para nós aquilo que quisermos fazer, ser ou ter.
O acesso à energia de que precisamos para materializar qualquer coisa que visualizamos é fornecido por meio do nosso cérebro.
As ondas ALFA e TETA cerebrais referem-se a estados mentais análogos aos transes mediúnicos, de equilíbrio de nossas ondas cerebrais, da percepção extra-sensorial, e do eureka das descobertas cientificas, onde forte intuição é evidenciada propiciando criatividade para idéias, planejamento e projetos.
Neste estado estaríamos alinhados com o wa (também identificado como mushin) , com a energia primeira (DO, TAO, DEUS, KI, OM, I AM), em união cósmica, com o tudo, e o nada (vazio não manifesto).
Esta energia única e primeira vem do "vazio", e têm características ora de energia em ondas, ora de partícula material, tendo sido estudada por inúmeros cientistas que pretendem interpretá-la como modelo para o campo unificado, na direção de utilização dos princípios da mecânica quântica, ou ondulatória, com objetivo de unificação das forças nucleares (pequenas e grandes) e magnéticas (incluindo o eletromagnetismo).
Esta energia última, o ki, em estado de wa (ou mushin), viabilizam a harmonia do universo, dos planetas e dos seres.
Esta energia "primeira", quando equilibrada, em união universal proporciona no ser humano o estado denominado de sincronicidade, de integração com os fenômenos da natureza, a dança de Shiva.
Esta energia já teve varias denominações como éter dos alquimistas, prana, orgon, eanima-mundi, dentre outras.

Nesta situação a nossa mente está livre para percorrer situações variadas, dentro de um campo de criatividade praticamente infinito, característico da arte, ciência, filosofia, poesia e literatura.
A arte é a expressão da poderosa harmonia que rege o universo, dissipando as brumas, e as obscuridades da matéria fazendo-nos entrever outros planos universais.
Quando o ki flui adequadamente em nosso organismo, há saúde.
Os movimentos alternados de contração e relaxamento massageiam nosso organismo possibilitando um fluxo adequado das energias vitais.
Durante a prática do Karatê, estando nosso cérebro devidamente equilibrado, a liberação bioquímica combinada de adrenalina, acetilcolina, serotonina e endorfinas, propicia bom reflexo e bem-estar adequados para realização de tarefas em geral, clareza mental e senso de justiça, com espírito de segurança e realização adequados.
Nossos neurotransmissores tornam-se aptos, para induzirem tomadas de decisão, reflexo, intuição e criatividade, em estado de relaxação adequado, melhorando nossa performance, nas atividades diárias em geral, como estudo, trabalho e lazer.

CAPITULO VII
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
BU
É o conceito de combate, pressupondo confronto, mas inclui a arte da evasão (estratégia).
"Forças armadas" ou "guerreiro". Um conceito que denota a dimensão militar inteira do Japão
feudal.

BUDO
Maneira militar ou maneira da luta, um termo genérico que abrange todas as artes marciais japonesas, caminho do combate.
Treino físico e espiritual oferecido através do estudo e pratica das artes marciais,
"maneira militar"... ou "maneira da luta".
BUGEI
Arte do combate real praticada pelo Samurai, principalmente relativo ao uso de armas.
São as artes marciais japonesas mais antigas, abrangendo um termo genérico que se aplica e aos princípios usados pelo Samurai, ou pelo Bushi.

BUJIN
Traduzido como "a pessoa militar" ou "a pessoa guerreira".
BUJUTSU
"Artes Militares", termo coletivo para todas as artes japonesas praticadas pelo Samurai. Técnicas decombate real.
BUKE
Samurai. Traduzido como a "pessoa ou a classe militar".
BUNKAI
“Análise". O estudo detalhado de técnicas marciais.
BUSHI
"Pessoa militar,"guerreiro," ou "Samurai." Um termo para o guerreiro japonês que foi atribuído ao Samurai.
Tradição familiar de guerreiro.

KOBU-DO (KOBU-JUTSU)
Caminho, ou técnica das artes marciais antigas dos guerreiros de Okinawa.
BUSHIDO
Código estrito do comportamento ético seguido pelo Samurai, tendo sido formulado durante a era de Tokugawa (1603 - 1868) de Japão. A premissa do código devia recomendar um Samurai como se conduzir na batalha e como encontrar um lugar significativo em uma sociedade pacífica. Código do Samurai frente ao oponente, um código estrito do comportamento ético seguido pelo Samurai. Bushido foi formulado durante a era de Tokugawa (1603 - 1868) de Japão. A premissa do Código devia recomendar um Samurai como se conduzir na batalha e como encontrar um lugar significativo em uma sociedade pacífica. Caminho do guerreiro, com coragem, polidez, sinceridade, autocontrole, senso de justiça, honestidade, lealdade aos superiores, honra, dever, resolução, generosidade, firmeza de espírito, magnanimidade, e humanidade, respeito a todos indistintamente, independente de serem fracos ou fortes, controle mental dos impulsos e paixões, civilidade, e cortesia, com o objetivo de atingir o espírito de harmonia com o universo.
DO
Caminho espiritual de disciplina. Este conceito está integrado ao budo, sem o qual estaria reduzida apenas a mera técnica de luta (jutsu).
Têm o significado de do, o caminho supremo para se atingir a união perfeita (analogamente à Yôga) do ser material e espiritual com o Cosmos (Energia Superior).


MU
O conceito de total negação de tudo que parece existir (Maya), análogo ao de Shunya da filosofia budista. Preconiza que a unidade e totalidade de tudo na existência é unida em uma única entidade que não pode ser percebida pelos sentidos.
"Nada". O nada-vazio do Zen. Principio usado nas artes marciais japonesas, para clarear a mente, de todos os pensamentos, de maneira que o corpo responda instantaneamente a qualquer situação.
KIAI
União Espiritual.
BUDISMO
Uma doutrina religiosa, - a escola de Chan, ou Zen - conectada à prática das artes marciais.
MUGA
Estado mental de intensa concentração que não permite pensamentos perturbarem a execução de uma ação. É descrito como consciência intuitiva do Todo, uma identificação com o outro, permitindo ação correta.
MUSHIN
Não-mente, mente original, mente não fixa em nada, e aberta par tudo, refletindo tudo como um espelho.
SEISHIN
Mente, alma, ou espírito.
SATORI
Abertura da mente e do espírito, resultando da acumulação de conhecimento, compreensão intuitiva, ou experiência repentina que revela a última realidade dos seres e coisas, bem como total identidade com si próprio e o universo.
Não é um estado definitivo, mas valido para um dado tempo e circunstancia. Não é uma experiência de êxtase, mas a transformação da essência do pensamento.
A prática de budo pode trazer esta transformação a quem seguir sinceramente.
É a realização da união, o aspecto da consciência a respeito dos processos de pensamento.
AIKI
"Reunião harmônica".
Quando combinar energia dos oponentes com sua própria, para o controle.



OREI
Respeito, ou etiqueta.
KI
"Espírito". Idealmente, o poder mental e espiritual, obtido através de concentração e respiração, que pode ser aplicado a realizações físicas. Esta energia centralizada, inerente a toda pessoa, pode ser amplificada e manifestada objetivamente, através da pratica de qualquer disciplina de arte marcial.
WA
Paz, harmonia. Unidade com serenidade, entre a mente e a energia cósmica, criando harmonia, união, e coordenação entre o homem e o resto do universo.
As artes marciais denominam a harmonia como wa que também têm o significado de paz e acordo.
Wa é o símbolo da unidade entre as forças cósmicas e humanas, mente e corpo, e o inter-relacionamento entre os seres.
Wa condiciona todas as artes e as ciências, reconciliando os aspectos positivos materiais, com os estados ativos ou energias.
Wa é considerado o principio essencial do universo, criador e destruidor, positivo e negativo, ativo e passivo.
Têm a equivalência ao tao, e ao do, como ao om (do Bramanismo), que reúne no mesmo principio eterno, as forças complementares universais.
.Wa tem a mesma essência do principio divino, ser ou inteligência suprema, ki, ou energia cósmica.
Marcello Felippo
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